22/10/2007

Lançamento - 30/Outubro/2007






José Edward lança livro
“Pátria Que Pariu!”
no Museu de Artes & Ofícios


Obra do poeta e jornalista da Revista VEJA
traz poemas alusivos à crise ética e
política que assola o país

O poeta e jornalista José Edward lança na próxima terça-feira, 30 de outubro, o livro “Pátria Que Pariu! & Outros Poemas”. O evento será no Museu de Artes & Ofícios, na Praça da Estação, e começa às 20 horas. A obra, que está sendo publicada pela Autêntica Editora (www.autenticaeditora.com.br) em co-produção com o Selo Literário Hipotrélico (http://hipotrelico.blogspot.com), traz uma seleção de 28 poemas produzidos pelo autor ao longo das duas últimas décadas. Como o próprio título sugere, a maioria faz alusão à crise ética e aos (maus) costumes políticos vigentes no Brasil. Este é o enfoque, por exemplo, do poema-título (“Pátria Que Pariu!”) e de outros, como “Por quanto se vende um país?”, “De quantos cupinchas de faz um rei” e “Margens Pérfidas”. Há também poemas que fogem dessa temática, como “100 anos sem solidão”, no qual o autor homenageia o centenário arquiteto Oscar Niemeyer, e “Internetudo”, que versa sobre o que José Edward chama de “cibernÉTICO mundo novo”.

Uma primeira versão do livro “Pátria que Pariu!” foi lançada em 1989, quando José Edward era estudante do curso de jornalismo da PUC-MG e militante de movimentos culturais e estudantis. O livro fez sucesso e chegou a ganhar uma página no antológico semanário carioca O PASQUIM, que então ainda vivia seus áureos tempos. Na chamada para a reportagem, o editor e cartunista Hélio Jaguaribe, o Jaguar, comparou o estilo poético de José Edward ao de um dos mentores do movimento beatnik, o americano William (Bill) Burroughs, sobre quem tinha também uma matéria naquela edição: "José Edward e Bill Burroughs são dois poetas que têm uma coisa em comum: o nojo do sistemão", assinalou Jaguar.

Na (re)edição do livro “Pátria Que Pariu!”, José Edward, que há dez anos é correspondente da Revista VEJA em Minas Gerais, faz uma releitura de alguns poemas da primeira versão. Segundo o autor, os versos antigos foram lapidados no conteúdo e na linguagem. “Para mim, a poesia é como um diamante bruto, cujo burilamento faz-se eternamente mister, em busca do verso perfeito”, ele afirma. Os demais poemas são inéditos e foram construídos à luz de “informações e inspirações” garimpadas pelo autor ao longo da última década quando dedicou-se quase que exclusivamente ao jornalismo. “Meus poemas geralmente abordam, de forma cáustica e direta, as mazelas, as excrescências e as corruptelas de uma pátria que, entra governo sai governo, está sempre no porvir”, afirma Edward. “Mesmo aqueles versos compostos há duas décadas – e isto foi o que me motivou a revisitar esta obra – parecem ter saído do forno em meio à atual farra patrocinada pela horda de políticos corruptos, insensíveis e incompetentes que trucidaram toda e qualquer esperança de que dias melhores virão”. O formato do livro também é original. Todos os poemas foram dispostos em lâminas de papel reciclado, que vêm soltas dentro de uma caixa.

No prefácio à primeira edição, que está sendo republicado, o escritor e jornalista Fausto Wolff faz, entre outros, o seguinte comentário sobre a obra poética de José Edward: "Este livro, desta pátria que transformaram em puta de luxo, é um primeiro ensaio para novos olhos. Novos olhos que continuarão a enxergar o que vem depois da trilha aberta e iluminada por Gregório de Mattos, Castro Alves, Drummond, Murillo Mendes, Paulo Mendes Campos, Mário Quintana, Millôr Fernandes... gente que, como José Edward, sabe que não basta ver o insólito da árvore, do cachorro, do leite, do homem, da mulher. É preciso denunciá-lo, iluminá-lo como princípio do exercício de re-humanização".

O AUTOR
José Edward Lima tem 42 anos de idade. Mineiro, de Brasília de Minas, está radicado há 20 anos em Belo Horizonte. Além de poeta, é jornalista. Trabalha há dez anos como chefe de sucursal/correspondente da Revista VEJA em Minas Gerais. Antes de ingressar na VEJA foi assessor de imprensa nos sindicatos dos Médicos e dos Bancários de Belo Horizonte, teve uma rápida passagem pelo jornal "Estado de Minas" (editorias de política, internacional e opinião) e, por alguns anos, atuou como produtor cultural. Nesta área, destacou-se na produção de discos dos artistas Zé Côco do Riachão ("Vôo das Garças", 1987), Markú Ribas ("Autóctone", 1991) e Fernando Ângelo (1995). É autor também do songbook "Artesão de Sons - Vida e Obra do Mestre Zé Côco do Riachão”, lançado em 1988.

A EDITORA
O livro “Pátria Que Pariu! & Outros Poemas” está sendo lançado pela Autêntica Editora, de Belo Horizonte, em co-produção com o Selo Literário Hipotrélico, criado por José Edward e pelo poeta Getúlio Maia, de Itabira. O compromisso com a disseminação do conhecimento orienta a política editorial da Autêntica Editora, cuja primeira década de existência completou-se em 2007. Além do catálogo com cerca de 400 títulos, a editora destaca-se na prestação de serviços gráficos e editoriais para empresas públicas e privadas. Atualmente, seus livros são divulgados por uma rede de 50 distribuidores em todo o País. Apesar de ter grande parte de sua produção voltada para professores, educadores, pesquisadores e público universitário, a Autêntica tem vários títulos publicados em áreas de interesse mais geral, como literatura, comportamento e turismo. Um dos destaques é a primeira tradução brasileira contemporânea do clássico Ética, do filósofo holandês Benedictus de Spinoza, editada em versão bilíngüe (latim e português).
O livro “Pátria Que Pariu” e os demais títulos da Autêntica Editora podem ser adquiridos pela Internet, através do site
www.autenticaeditora.com.br, do e-mail autentica@autenticaeditora.com.br ou do televendas 0800 283 13 22.

Contato do autor:
E-mail:
j.edward.pqp@gmail.com

Poemas - José Edward

Lei da Selva

a lei
que aqui
se ditava
era dura
era dente
por dante
(um inferno!)
era olho
por alho
(e como ardia!)
hoje é apenas
uma lembrança
triste e vazia
(mas como ainda
DOI CODI!)
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Pt Saudações

ex-
Patriotas
cínicos e
emPedernidos
exProPriaram
nossas esPeranças
e transformaram-se em Párias da Pátria;
ex-Paladinos da moralidade
revelaram-se corruPtos
viliPendiaram nossos sonhos
e agora são Pigmeus da ética
com a devida vênia
dos anões do Pefelê,
do Peemedebê,
do Peessedebê
e de tudo
quanto é
P
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100 anos sem solidão

ao centenário Oscar Nieymeyer

the Oscar goes to...
… oscar niemeyer
nosso prêmio nobel de arquitetura
um midas do concreto
que no lugar do traço reto
desenha curvas subversivas
suspensas no vento
inspiradas nas montanhas de Minas
como o pensamento
linhas curvilíneas
que desafiam a lei da gravidade
repletas de voz e silêncio
de sombra e de luz
como o jazz
um sopro de vida
que afugenta a solidão
que abriga a festeira
e aguerrida multidão
sua macondo é uma aldeia global niilista
onde vigora o comunismo
não o real, mas o imaginário, o cuja imortalidade conquistou emideal
o utópico, o humanista, o solidário
eis o nosso dom quixote
vida
a vida que, para ele,
apesar de dura,
é mais importante
que a arquitetura
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De quantos cupinchas se faz um rei

um reino já não se faz como dantes se via
de estadistas e com respeito à hierarquia
mas de cupinchas que puxam o saco do rei
e vivem como se estivessem acima da lei

o papel de bobo-da-corte cabe a um momo rei
que rouba mas faz e por isso é absolvido pela grei
as benesses do poder compensam-lhe a vilania
e o despudor de estar no poder em má companhia

um reizinho assim se manipula de noite e de dia
se corrompe se suborna se adula até a distrofia
engole sapos com um dissimulado ar de não sei
não soube não quero saber nem jamais saberei

um reino assim é uma não-nação de foras-da-lei
onde vigora o lema do estuprei mas não matei
não há aqui uma pátria mas um país da fantasia
um monumento ao toma lá da cá e à covardia
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Gatunagem

no
meio
da
pátria
tinha
um
covil
tinha
um
covil
no
meio
da
pátria
que
nos
pariu
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